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Qual o percentual da minha renda está comprometida com dívidas parceladas?
Qual o percentual da minha renda está comprometida com dívidas parceladas?
A maioria dos brasileiros possui, pelo menos, uma dívida em seu nome, mas ter dívidas não é necessariamente ruim, já que dívida não é sinônimo de inadimplência. Dívida é tudo o que você adquiriu e ainda não pagou completamente. Por exemplo, ao comprar um sofá parcelado em 10 vezes no cartão de crédito, ele já é seu, mas até quitar as parcelas, você tem uma dívida com a emissora do cartão.
Não são apenas compras no cartão de crédito bancário que geram dívidas parceladas: cartões de loja, empréstimos, financiamentos, consórcios, cheque especial, entre outras modalidades, também entram nessa categoria.
Já a inadimplência acontece quando você não paga a dívida no prazo combinado. No caso do sofá, se a fatura vence no dia 15 e você paga apenas o valor mínimo ou atrasa o pagamento, automaticamente você fica inadimplente com a emissora do cartão, sujeito a pagar juros e multas por atraso.
Ter dívidas é comum, mas, sem planejamento, elas podem superar sua capacidade de pagamento e virar uma bola de neve. Por isso, é fundamental saber qual percentual da sua renda pode ser comprometido com dívidas. Vamos entender isso melhor?
Não ultrapasse o limite máximo de 30% da sua renda com parcelamentos
É muito importante lembrar que o nosso orçamento não se destina apenas ao pagamento de dívidas. Gastos como aluguel, contas de luz, água, alimentação, transporte etc., também fazem parte das nossas despesas mensais.
Para garantir um grau maior de segurança financeira e conseguir arcar com todos esses compromissos, é recomendado que, no máximo, 30% da sua renda seja comprometida com parcelamentos em cartões de crédito, financiamentos, empréstimos, boletos a prazo de impostos e taxas, entre outros.
Na prática, isso significa que uma pessoa que recebe R$1.400 equivalente a um salário mínimo em média, não deve ter mais do que R$420 (30% de R$1.400) destinados ao pagamento das suas dívidas parceladas, por exemplo.
Quando esse limite é ultrapassado, o risco dessas contas dificultarem o suprimento das suas necessidades básicas com moradia, alimentação, transporte e saúde aumenta, resultando em um superendividamento que, consequentemente, pode levar à inadimplência em uma ou mais empresas ao mesmo tempo.
Identifique o quanto da sua renda está destinado às dívidas parceladas
Para verificar o quanto dos seus rendimentos estão comprometidos com dívidas, o primeiro passo é mapear todas as suas dívidas parceladas atuais. Uma maneira prática de fazer isso é utilizando a ferramenta "Parcelas em Dia" ilustrada na imagem abaixo, criada para ajudar você a organizar e acompanhar seus gastos parcelados, conforme são efetuados os pagamentos.
Essa ferramenta também é bastante útil para quem costuma adquirir dívidas parceladas em seu nome para terceiros, como amigos ou familiares. Isso inclui situações como emprestar seu cartão de crédito, oferecer uma quantia em dinheiro ou assumir financiamentos e empréstimos em favor de outra pessoa.

Descubra como utilizar essa ferramenta para registrar e gerenciar seus gastos parcelados, seguindo as orientações a seguir:
1. Nome do gasto: faça uma breve descrição para o gasto adquirido de forma parcelada. Por exemplo: "Compra de móveis para sala" ou "Curso de inglês parcelado". Esse campo ajuda a identificar rapidamente o motivo do gasto
2. Data do gasto: registre o dia em que o gasto foi realizado. Isso é importante para manter um histórico de quando as parcelas começaram e até quando elas deverão ser pagas.
3. Responsável pelo pagamento: preencha o nome da pessoa que está encarregada de pagar as parcelas. Este campo é essencial para quem contrai dívidas em nome de terceiros, seja por meio do cartão de crédito, empréstimos em dinheiro, financiamentos, entre outros. Caso a dívida seja sua, basta colocar o seu próprio nome. Se todas as suas dívidas parceladas atuais são exclusivamente suas, este campo pode ser deixado em branco.
4. Parcelado no(a): indique onde o parcelamento foi realizado. Pode ser no cartão de crédito, em boletos ou qualquer outro meio utilizado.
5. Valor total do gasto: informe o valor total do gasto que foi parcelado. Por exemplo, se você comprou um item por R$1.200 e o dividiu em 12 vezes sem juros, o valor total deve ser registrado como R$1.200.
6. Número de parcelas: especifique em quantas vezes o gasto foi parcelado. No exemplo anterior, você registraria "12 parcelas".
7. Valor das parcelas mensais: expresse o valor exato que deve ser pago em cada parcela mensal. Isso ajuda a calcular o total de compromissos mensais em relação à sua renda. No exemplo anterior, como R$1.200 foi parcelado em 12 vezes sem juros, o valor de cada parcela seria de R$100.
8. Pagar cada parcela até o dia __ do mês: defina a data de vencimento de cada parcela. Esse prazo é fundamental para garantir que você se planeje e evite atrasos que possam gerar juros ou multas.
Após listar todas as suas dívidas parceladas, o próximo passo é somar o valor de cada parcela pela qual você é responsável para definir o “Total de Parcelas”.
Em seguida, calcule o correspondente aos 30% da sua renda mensal, fazendo o seguinte cálculo: multiplique o valor total da sua renda por mês por 30 e, em seguida, divida o resultado por 100.
Agora, compare esses dois resultados obtidos. Caso a soma das parcelas mensais ultrapasse esses 30%, é hora de ajustar suas finanças para evitar possíveis problemas financeiros, seguindo as próximas dicas.
Nota: se você não recebe um valor fixo todos os meses, busque estimar uma média da sua renda mensal com base nos três últimos meses, por exemplo. Isso te ajudará a realizar essas etapas de forma mais realista e adaptada à sua situação financeira.
Siga estas dicas para viver dentro do limite máximo de dívidas parceladas!
Quando a soma das parcelas compromete uma parcela significativa acima do limite máximo de 30% da renda mensal, é hora de adotar estratégias práticas para aliviar o orçamento. Com isso em mente, apresentamos abaixo algumas dicas que podem auxiliar você a renegociar, priorizar, e até evitar novas dívidas na busca de recuperar o equilíbrio financeiro.
Dica 1: Renegocie suas dívidas
Uma das primeiras coisas a fazer é entrar em contato com o credor — que pode ser o banco, uma loja ou qualquer instituição financeira onde você adquiriu o gasto parcelado. O objetivo é renegociar as condições de pagamento para torná-las mais adequadas à sua situação.
Por exemplo, você pode pedir ao credor para:
• Estender o prazo da dívida, reduzindo o valor das parcelas.
• Diminuir os juros aplicados, caso estejam muito altos.
• Negociar descontos, especialmente se puder pagar à vista.
Lembre-se de demonstrar com clareza a sua situação financeira, mostrando que deseja pagar, mas precisa de condições melhores. Muitas empresas estão abertas à negociação porque preferem receber o valor combinado, mesmo que em prazos maiores ou com juros menores, do que lidar com a inadimplência.
Dica 2: Considere quitar as parcelas antecipadamente
Se você recebeu um dinheiro extra, como o 13º salário, restituição do Imposto de Renda ou qualquer outro valor inesperado, uma boa ideia é utilizá-lo para quitar ou reduzir suas dívidas parceladas — especialmente aquelas com juros mais altos, se houver.
Quando você paga uma dívida antes do prazo, economiza nos juros que seriam cobrados sobre as parcelas futuras, diminuindo o custo total. Além disso, essa estratégia ajuda a liberar espaço no seu orçamento mensal para outras despesas ou até para poupar.
Mas, antes de pagar as parcelas com antecedência, entre em contato com o credor para confirmar se haverá algum desconto pelo pagamento antecipado, garantindo que essa decisão seja realmente vantajosa para o seu bolso.
Dica 3: Crie a sua reserva de emergência
Ter uma reserva de emergência é como ter um escudo de proteção para enfrentar situações inesperadas. Imprevistos podem surgir a qualquer momento, como problemas de saúde, custos com manutenções, incluindo até a perda do emprego que traz a falta de renda para suprir os gastos básicos. Ao construir a sua reserva, você aumenta o seu grau de segurança financeira para passar por essas situações sem precisar recorrer a novas dívidas.
Para montar a sua reserva, comece listando todos os seus gastos essenciais, ou seja, aqueles indispensáveis para atender às suas mais necessidades básicas como despesas domésticas (aluguel, contas de luz, água, gás, internet etc.), alimentação, saúde, transporte, entre outros. Some todos esses valores para calcular o “Total de Gastos Essenciais Mensais” que representa o seu custo mínimo de vida.
A recomendação é que a sua reserva seja equivalente a, pelo menos, três vezes do seu custo mínimo de vida. Então, multiplique o resultado obtido como o seu “Total de Gastos Essenciais Mensais” por 3. É natural não conseguir juntar tudo de uma vez. Porém, o mais importante é começar, mesmo que com valores pequenos. Se você consegue guardar R$100, R$50 ou qualquer outro valor menor por mês, já é um bom começo.
• Pague-se primeiro, assim que receber, antes de qualquer despesa. Esperar sobrar dinheiro raramente funciona, pois gastos inesperados sempre surgem e a sua reserva acaba ficando para trás.
• Guarde esse dinheiro em uma conta separada que renda juros ou em um investimento seguro que possua alta liquidez, para evitar a tentação de usá-lo em gastos do dia a dia.
• Quando usar o fundo, priorize devolver o dinheiro o mais rápido possível para poder lidar com novos imprevistos no futuro.
Dica 4: Reduza ou faça cortes temporários de gastos no seu orçamento
Reduzir ou até mesmo fazer cortes temporários no orçamento é uma estratégia interessante para liberar dinheiro que pode ser usado para quitar ou reorganizar dívidas. Isso significa identificar despesas que não são essenciais no seu dia a dia e substituí-las por opções mais econômicas ou eliminá-las temporariamente.
Por exemplo, se você costuma comer na rua ou pedir comida por aplicativo várias vezes por mês, é válido considerar o preparo de mais refeições em casa, o que pode ser significativamente menos custoso.
Essas mudanças não precisam ser permanentes, mas são medidas temporárias para você reorganizar suas finanças e sair do ciclo das dívidas. Além disso, esses ajustes, mesmo pequenos, podem gerar economia considerável ao longo do tempo, permitindo que você recupere o equilíbrio financeiro mais rapidamente.
Dica 5: Evite novas dívidas até equilibrar as finanças
Se o valor das dívidas já está muito alto, qualquer novo empréstimo ou compra parcelada vai aumentar ainda mais o seu comprometimento financeiro, o que pode dificultar o pagamento das dívidas existentes e aumentar o risco de inadimplência.
Portanto, elimine a possibilidade de contrair novas dívidas, se possível. Caso contrário, avalie se as parcelas caberão no seu orçamento. Antes de tomar essa decisão, faça uma análise detalhada para garantir que o valor das parcelas não comprometa sua capacidade de pagar as dívidas já existentes.
Em resumo, o crédito não precisa ser visto como um vilão, desde que seja utilizado com responsabilidade. Ele permite que você adquira itens essenciais ou desejados, mesmo sem ter o dinheiro para pagar tudo de uma vez, o que é especialmente útil na compra de bens duráveis, como os eletrodomésticos, por exemplo. Ao parcelar a compra, você consegue usufruir do bem enquanto o paga, e o melhor: as parcelas são quitadas antes que o produto perca sua utilidade, como esperamos que aconteça com itens como geladeiras ou televisores.
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Também podemos te ajudar a calcular uma meta semanal de gastos com base na sua realidade financeira, se planejando financeiramente a fim de se prevenir do perigo de gastar mais do que ganha no final do mês.
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Como fazer um Raio-X da fatura do seu cartão de crédito
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